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2012 - Livro Vermelho 2013

Sabicea grisea Cham. & Schltdl. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 12-06-2012

Criterio:

Avaliador:

Revisor: Miguel d'Avila de Moraes

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Espécie de arbusto escandente, endêmica do Brasil, ocorrendo em ampla distribuição nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. É encontrada nas florestas pluviais dos biomas Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Sabicea grisea Cham. & Schltdl.;

Família: Rubiaceae

Sinônimos:

  • > Sabicea pannosa ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Linnaea 4: 192. 1829. Segundo Wernham (1914), Assemelha-se a Sabicea cinerea Aubl., porém difere-se por apresentar pilosidade flocoso-aracnóidea na face adaxial da folha ou então glabra, outra importante distinção estão nas brácteas involucrais que são conspicuamente subinvolucrantes em S. cinerea e muito menores e menos conspícuas em S. grisea (Jung-Mendaçolli, 2007).

Distribuição

Endêmica do Brasil; ocorre nos estados do Pará, Ceará, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro (Zappi; Pessoa, 2012).

Ecologia

Caracteriza-se por arbustos escandentes, podendo atingir de 0,6-3m de altura; coletada com flores em Janeiro, Fevereiro, Abril, Agosto e Novembro, com frutos em Janeiro, Fevereiro, Abril e Agosto (Jung-Mendaçolli, 2007).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes AMata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce.Algumas áreas de endemismo, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescentefoi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis emvigilância e proteção. Antes cobrindo áreasenormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos defragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criaçãode gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatasda perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populaçõeshumanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano(pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiroaceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola(açúcar, café e soja). A derrubada deflorestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650km2 deflorestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda dehábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração delenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais einvasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

1.1 Agriculture
Detalhes Adegradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espéciesexóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de ummanejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais desoja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25ton/ha/ano.Aproximadamente 45.000km2 do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde aerosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130ton/ha/ano. O amplo uso degramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial àbiodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dosecossistemas. Para a formação das pastagens, os cerrados são inicialmentelimpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogongayanus Kunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf, Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf eMelinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagensplantadas (cerca de 250.000km2 - uma área equivalente ao estado de São Paulo)está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzidacobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Mais de25 milhões de pessoas, aproximadamente 15% da população do Brasil, vivem naCaatinga.A população rural é extremamente pobre e os longos períodos de seca diminuemainda mais a produtividade da região, aumentando o sofrimento da população. A atividade humana não sustentável, como aagricultura de corte e queima que converte, anualmente, remanescentes devegetação em culturas de ciclo curto, além do corte de madeira para lenha, a caça deanimais e a contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinostem levado ao empobrecimento ambiental, em larga escala, da Caatinga. Osbovinos e caprinos foram introduzidos pelos europeus no início do século XVI erapidamente devastaram a vegetação da Caatinga, não adaptada à pastagemintensiva. O número estimado de cabeças desses animais,atualmente, é de mais de 10 milhões e já sãoreconhecidos núcleos de desertificação associados ao sobrepastejo e,principalmente, ao pisoteio dos mesmos. Desde o início dacolonização européia, as áreas de solos mais produtivos também foramconvertidas em pastagens e culturas agrícolas. As florestas de galeria foramlargamente substituídas por formações abertas nos últimos 500 anos, afetando oregime de chuvas local e regional e levando ao assoreamento de córregos e atémesmo de grandes rios. Rios anteriormentenavegáveis, que permitiam o transporte de animais e madeira do interior dopaís, estão, agora, sazonalmente secos. Por fim, as técnicas de irrigaçãodesenvolvidas nas últimas décadas para a fruticultura e plantações de soja têmacelerado o processo de desertificação. Todos esses usos inapropriados do solotêm causado sérios danos ambientais, p. ex., a desertificação já atinge 15% daárea da região e ameaçado a biodiversidade da Caatinga (Leal et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Omodelo tradicional da ocupação da Amazônia tem levado a um aumentosignificativo do desmatamento na Amazônia legal, sendo este um fenômeno denatureza bastante complexa, que não pode ser atribuído a um único fator. As questões mais urgentes em termos da conservação e uso dosrecursos naturais da Amazônia dizem respeito à perda em grande escala defunções críticas da Amazônia frente ao avanço do desmatamento ligado àspolíticas de desenvolvimento na região, tais como especulação de terra ao longodas estradas, crescimento das cidades, aumento dramático da pecuária bovina,exploração madeireira e agricultura familiar (mais recentemente a agriculturamecanizada), principalmente ligada ao cultivo da soja e algodão. Esse aumento dasatividades econômicas em larga escala sobre os recursos da Amazônia legalbrasileira tem aumentado drasticamente a taxa de desmatamento que, no períodode 2002 e 2003, foi de 23.750 km², a segunda maior taxa já registrada nessaregião, superada somente pela marca histórica de 29.059 km2 desmatados em 1995. A situação é tão crítica que, recentemente, o governo brasileirocriou um Grupo Interministerial a fim de combater o desmatamento e apontarsoluções de como minimizar seus efeitos na Amazônia legal (Ferreira et al., 2005).

Ações de conservação

4.4.3 Management
Observações: Espécie ocorre em Unidade de Conservação: Santuário Ecológico da Serra D'Água, no Estado de Alagoas, Reserva Ecológica de Carnijó, Reserva Ecológica de Caetés, Reserva Ecológica Dois Irmãos, Reserva Florestal de Saltinho e Estação Ecológica de Tapacurá, em Pernambuco, Parque Nacional da Tijuca, Área de Proteção Ambiental do Cairuçú, no Rio de Janeiro, Parque Estadual da Serra do Mar, em São Paulo e Parque Nacional do Araguaia, em Tocantins (CNCFlora 2011).

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada Em Perigo (EN) pela Lista vermelha da flora de São Paulo (SMA-SP, 2004).

Referências

- ZAPPI, D.; PESSOA, M.C.R. Sabicea grisea in Sabicea (Rubiaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB014279>.

- JUNG-MENDAÇOLLI, S.L. Sabicea (Rubiaceae). In: MELHEM, T.S.; WANDERLEY, M.G.L.; MARTINS, S.E.; JUNG-MENDAÇOLLI, S.L.; SHEPHERD, G.J.; KIRIZAWA, M. Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo. São Paulo: FAPESP, p.431-434, 2007.

- FERREIRA, L. V.; VENTICINQUE, E.; ALMEIDA, S. O desmatamento na Amazônia e a importância das áreas protegidas., Estudos Avançados, v.19, n.53, p.157-166, 2005.

- LEAL, I.R.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; LACHER JR., T.E. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil., Megadiversidade, p.139-146, 2005.

- KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado Brasileiro., Megadiversidade, p.147-155, 2005.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

- ZAPPI, D.; BARBOSA, M.R.V.; CALIÓ, M.F. ET AL. Rubiaceae. In: STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, p.449-461, 2009.

Como citar

CNCFlora. Sabicea grisea in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Sabicea grisea>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 12/06/2012 - 18:26:04